Representando as duas maiores regiões competitivas da Ásia, a LoL Pro League (LPL) e a LoL Champions Korea (LCK) têm uma longa história e influência na configuração do jogo em seu mais alto nível. Leia para saber mais.
Desde o seu lançamento em 2009, o League of Legends (LoL) tem aberto caminho e dado passos importantes para o futuro da indústria de eSports, além de estabelecer um nível extremamente alto para que outros jogos competitivos aspirem alcançar. Muito poucos são os jogos que podem equiparar a influência global que o jogo ganhou com 10 milhões de espectadores assistindo ao maior torneio anual do título: o Campeonato Mundial de LoL (ou Worlds).
Dentre as nove edições do torneio, oito das vencedoras são equipes da Ásia. Uma delas é a equipe de Taiwan, Taipei Assassins (TPA), enquanto o restante vem da liga chinesa LoL Pro League (LPL) e da sul-coreana LoL Champions Korea (LCK). A outra campeã mundial é a Fnatic, vencedora da primeira edição, antes mesmo da Coreia ter seu próprio servidor.
A LoL LCK e a LoL LPL são duas das mais bem-sucedidas ligas de todos os tempos e continuam fortes até hoje. Ambas têm formatos relativamente semelhantes às ligas da América do Norte, LoL Championship Series (LCS), e da Europa, LoL European Championship (LEC), mas contam com uma diferença crucial: as séries são disputadas em melhor de três (Bo3) durante a temporada regular, ao invés de disputas em melhor de um (Bo1).
O que é a LCK?
Nunca houve dúvidas quanto ao potencial extremamente alto da base de jogadores coreanos, mas poucos poderiam esperar o nível de domínio que surgiria na região.
O servidor da Coreia foi lançado ao final de 2011 e, em março do ano seguinte, o canal de transmissão OnGameNet (OGN) criou o primeiro grande torneio de LoL do país: o The Champions, que em 2015 se tornaria a LCK. A equipe Azubu Frost, vencedora do Split de verão, chegaria à final do Worlds mais tarde naquele ano, perdendo para a TPA.
A SKT, conhecida atualmente como T1, é a primeira e única equipe a conseguir três títulos do Campeonato Mundial de League of Legends, liderada pelo prodigioso mid-laner “Faker”.
E de lá para cá, o Worlds se tornou território coreano com uma sequência extraordinária de cinco anos vendo equipes da Coreia serem coroadas campeãs mundiais. A pioneira foi a SK Telecom T1 (SKT), agora considerada a mais icônica organização na história do LoL, com o fantástico mid-laner e jogador da equipe de longa data, Lee “Faker” Sang-hyeok, visto como o melhor jogador de todos os tempos.
2014 foi a era das equipes da Samsung, com a Samsung White derrotando a irmã Samsung Blue nas semifinais, antes de dominar a grande final em frente a uma plateia coreana e levantar a taça Summoner.
Mas, depois disso, a SKT retornou ao seu grande nível e venceu as duas edições seguintes do Campeonato Mundial. Nenhuma outra equipe conseguiu a proeza de conquistar títulos consecutivos do Worlds ou igualar a marca da SKT com três taças Summoner. Na verdade, nenhuma outra conseguiu nem duas vitórias.
Ambos os triunfos foram conquistas em finais com outras equipes coreanas, tendo a Koo Tigers e a Samsung Galaxy como adversárias. Era muito claro que a Coreia do Sul estava em um nível diferente do restante do mundo e que a SKT, talvez, em um nível de outro planeta.
A final seguinte do Worlds, em 2017, foi disputada entre equipes coreanas mais uma vez, com a SKT enfrentando novamente a Samsung Galaxy. Mas, dessa vez, o resultado foi diferente. A Samsung acabou com o reinado da SKT e o fez de forma magistral, com uma convincente vitória por 3 a 0. No ano anterior, a disputa entre as equipes havia chegado a cinco jogos. Foi o final de uma era. Os fãs, finalmente, tiveram a confirmação de que Faker era humano, pois o jogador acabou a disputa em lágrimas.
Esse foi um gigantesco ponto de virada para o LoL, já que, no ano seguinte, o impensável aconteceu. As equipes da LCK entraram em colapso. A Gen.G, rebrand da Samsung, não conseguiu passar da fase de grupos, enquanto a KT Rolster e a Afreeca Freecs perderam nas quartas de final, com o choque da última ter sido eliminada pela Cloud9, equipe da América do Norte.
A ideia de uma equipe da Coreia não vencer o evento, ou, ainda pior, nem chegar à disputa final do Worlds, era algo impensável alguns anos atrás, mas é a realidade no momento.
À medida que o LoL se tornou um jogo mais acelerado, com o meta favorecendo mais o combate do que um estilo de jogo controlado e disciplinado, as equipes coreanas têm sofrido. No Worlds do ano passado, a SKT retornou e apresentou um desempenho forte, mas não conseguiu a vaga para a final, tendo sido derrotada pela europeia G2 Esports na semifinal.
A LCK está em um estado de mudança. Ano passado, equipes como a Griffin e a DAMWON Gaming mostraram que uma nova geração de talentos coreanos está chegando com um estilo novo de jogo. Mas, mais importante ainda, a partir de 2021, a LCK passa para um sistema de franchising semelhante ao das outras grandes ligas da Riot (LCS, LEC e LPL) sem eliminação, o que possivelmente trará um grande impacto financeiro para o ecossistema de eSports da Coreia.
O que é a LPL?
A LPL está ativa desde 2013 e já produziu muitas equipes lendárias. A liga começou com o mesmo formato da LEC e da LCS, ou seja, com disputas em Bo1 durante a temporada regular, mas a liga era menor e contava com apenas oito equipes naquela época. Desde então, a LPL duplicou o seu tamanho.
Em 2017, o formato da liga, finalmente, passou por mudanças. Seguindo os passos da EU LCS naquele tempo, a LPL dividiu suas equipes em dois grupos após a expansão para 12 organizações competitivas. Nesse ponto, a liga mudou e implementou disputas em Bo3 durante a temporada regular, mas maiores mudanças estavam por vir.
Para o Split de verão de 2017, a LPL se tornou a primeira liga da Riot Games a adotar o modelo de franchising e remover a eliminação. Todas as 12 equipes da liga tinham suas vagas da LPL garantidas, mas foram feitos planos para aumentar o número de equipes para 14 no ano seguinte e, talvez, para 20 equipes no futuro. Até agora, a liga alcançou um total de 17 equipes e todas elas competiram no Split de primavera de 2020.
Desde o franchising da liga, seis equipes construíram espaços locais para receber seus próprios jogos, enquanto as restantes utilizam uma arena em Xangai para competir.
Quanto ao jogo em si, historicamente, as equipes da LPL têm sido equipes extremamente fortes, como atestam a OMG, a Edward Gaming (EDG) e a Star Horn Royal Club (atualmente conhecida como Royal Never Give Up ou RNG) e seus grandes resultados desde o início. Na realidade, a RNG chegou à final do Worlds tanto em 2013 como em 2014, mas não conseguiu vencer o último confronto em nenhuma das ocasiões.
Depois de passar por dificuldades para superar a Coreia do Sul no cenário internacional, ao final de 2014, muitas organizações chinesas começaram a tentar atrair alguns dos melhores jogadores da LCK com contratos exorbitantes, fanbases enormes e escalações competitivas tentadoras demais para deixar passar. E foram tantos os jogadores coreanos a embarcar na aventura que a comunidade começou a falar de um Êxodo Coreano.
Parte do êxodo foi a escalação completa da Samsung White, equipe que tinha acabado de conquistar a taça Summoner depois de varrer a RNG por 3 a 0 na final do Worlds de 2014. Ainda assim, as equipes da LPL não conseguiram derrotar as adversárias da LCK durante muitos anos.
A espera por um troféu internacional para a liga só chegou ao fim em 2018. A RNG e um dos melhores ADC de todos os tempos, Jian “Uzi” Zi-Hao, derrotaram a equipe coreana Kingzone DragonX e conquistaram o Mid Season Invitational, mas era o troféu do Worlds que as equipes da LPL almejavam. A RNG, apesar de favorita no torneio, deixou a competição após uma surpreendente derrota para a G2 nas quartas de final.
No entanto a Invictus Gaming (IG), outra equipe chinesa, continuou na competição e conseguiu chegar à grande final, tornando-se a primeira equipe de fora da Coreia do Sul a levantar a taça Summoner em cinco anos. A equipe foi encabeçada por dois jogadores coreanos, Kang "TheShy" Seung-lok e Song "Rookie" Eui-jin, o último tendo se juntado à escalação da IG quatro anos, durante o êxodo.
A China era finalmente a região mais forte do mundo no LoL e continua a ser no momento de escrita desse artigo. Apesar da IG não ter conseguido defender seu título do Worlds na edição de 2019 do torneio, a FunPlus Phoenix se destacou no primeiríssimo torneio internacional da organização e levantou o troféu, declarando ao mundo que a Coreia do Sul tinha sido oficialmente destronada.