Representando a América do Norte e a Europa, a LCS e a LEC são as mais antigas ligas de eSports franqueadas do mundo. Diferença LCS e LEC? Continue lendo para saber mais sobre essas ligas.
Em outubro de 2009, a Riot Games lançou o League of Legends (LoL), um jogo de PC que mudaria significativamente o setor, tornando-se um dos jogos mais populares do planeta. Muito de seu sucesso se deve ao grande interesse pelo aspecto competitivo do jogo.
Esse jogo de arena de batalha multijogador online (MOBA) se tornou um precursor para a indústria de eSports e, até hoje, atrai dezenas de milhões de espectadores a cada ano para assistir ao Campeonato Mundial de LoL, o maior torneio do jogo, e, portanto, evento com as melhores equipes de todo o mundo competindo pelo título.
As primeiras duas temporadas de LoL como um título de eSports tiveram uma série de torneios diferentes organizados por terceiros antes da Riot terminar o ano com o Worlds. No entanto, em 2013, a criadora do jogo decidiu seguir uma abordagem mais prática para o cenário de eSports de LoL ao introduzir suas próprias ligas, LoL Championship Series (LCS), com versões para a América do Norte e para a Europa. Mais tarde, a versão europeia passou a ser uma liga própria: a LoL European Championship (LEC).
Ambas as ligas estão na ativa até hoje e contam com 10 equipes em cada região ao longo de uma temporada com duas partes, o Split de primavera e o Split de verão (segundo as estações no hemisfério norte). As melhores equipes no Split de verão participam do Worlds e têm a chance de levantar a taça Summoner, considerada um dos mais cobiçados prêmios dos eSports.
A história da LCS
A base para a NA LCS foi construída pela rivalidade entre duas equipes, algo despertado anos antes da liga existir.
A Counter Logic Gaming (CLG), formada em 2010, é a mais antiga organização competindo no LoL, tendo sido fundada pelo antigo top-laner George "HotshotGG" Georgallidis. Entretanto, ele não se dava muito bem com um de seus colegas de equipe, Andy “Reginald” Dinh, que decidiu deixar o grupo e, com a ajuda de seu irmão Dan (que havia ajudado no nascimento da CLG) criar uma organização própria: a Team SoloMid (TSM), nomeada assim devido ao website de sua própria comunidade, o SoloMid.net.
As origens da TSM e da CLG remontam ao início da cena competitiva de League of Legends.
A rivalidade continuou acalorada, mesmo depois de ambos os fundadores das equipes terem deixado de jogar. A TSM, rapidamente, tornou-se uma das mais populares equipes no cenário competitivo, depois da vitória alcançada no primeiro Split de primavera, em 2013. Desde então, a equipe ostenta o maior número de títulos na competição regional: seis, no total. No entanto, no verão de 2015, foi a vez da CLG conseguir, finalmente, o seu momento de glória. A equipe derrotou a TSM em frente a uma plateia fervorosa no Madison Square Garden. Foi uma vitória avassaladora por 3 a 0 que deu o primeiro título da LCS para a CLG, além de todo o direito de se gabar pela conquista.
E não se pode falar do sucesso da LCS sem mencionar a Cloud9, equipe que incendiou a LCS depois de ganhar a sua promoção em seu primeiríssimo Split de verão. A equipe, agora considerada lendária, dominou a sua estreia no split, registrando a mais longa sequência de vitórias da LCS (13 partidas), o maior número de vitórias em splits da LCS (25) e acabando o split com a extraordinária taxa de vitória de 91% e um histórico de 30-3.
Em 2018, a Riot comprou a franquia da liga e ofereceu vagas permanentes na LCS a 10 organizações, sem possibilidade de eliminação, após um longo processo de candidatura. Algumas novas organizações, como a 100 Thieves, conquistaram os fãs rapidamente, enquanto outras, como a aficionada em jogos de tiros OpTic Gaming, tiveram muita dificuldade para tal e acabaram por vender suas vagas.
A franquia permitiu à Team Liquid, anteriormente chamada de Team Curse, investir pesado com seu forte suporte financeiro e, finalmente, acabar com a irônica "maldição do quarto lugar" da organização, poeticamente, a quarta equipe a conquistar um título da LCS.
Há uma quantia significativa de dinheiro envolvida no cenário da América do Norte, com jogadores supostamente ganhando mais de US$ 1 milhão ao ano, mas, ainda assim, a região tem sofrido internacionalmente. A Cloud9 é a única equipe da América do Norte que conseguiu passar a fase de grupos do Worlds e conseguiu sua melhor classificação ao alcançar as semifinais em 2018. Enquanto isso, a Team Liquid surpreendeu o mundo ao chegar à final do Mid Season Invitational (MSI), outro grande evento internacional, mas deixou escapar a vitória, tendo sido derrotada pela rival europeia G2 Esports na disputa internacional em melhor de cinco mais rápida da história do LoL.
Uma aparente falta de competitividade e talentos domésticos tem travado o avanço da região. Portanto, há certamente muito trabalho a ser feito.
A história da LEC
Juntamente com o início da NA LCS, em 2013, estava a sua "irmã" europeia, a EU LCS, atualmente conhecida como LEC. A liga foi instantaneamente dominada por uma das mais prestigiadas equipes na história dos eSports: a Fnatic. A equipe já havia vencido o primeiro Campeonato Mundial de LoL dois anos antes e seguiu ganhando os primeiros três splits da EU LCS.
Essa sequência de vitórias chegou ao fim no verão de 2014, quando a equipe foi derrotada pela Alliance, contando com o lendário mid-laner Henrik "Froggen" Hansen em sua escalação. Até hoje, a Alliance é a única equipe a levar para casa o título europeu, além da Fnatic e da G2. A Alliance parecia extremamente forte, mas acabou com um fim trágico após um desempenho decepcionante no Worlds. A equipe sofreu uma derrota surpreendente para a equipe brasileira KaBuM! e-Sports, um momento difícil em uma tentativa malsucedida de passar a fase de grupos.
A Fnatic voltou a dominar a liga ao vencer ambos os splits de 2015 e até se tornou a primeira equipe da LCS invicta na temporada regular após finalizar o Split de verão com um histórico inacreditável de 18-0. Aquela escalação ainda é lembrada como uma das melhores da Europa, tendo derrotado a Origen, a organização do lendário mid-laner da Fnatic Enrique "xPeke" Cedeño Martínez, em uma emocionante final em cinco partidas antes de ambas as equipes mostrarem um desempenho admirável para chegar às semifinais do Worlds, na China. Foi nessa ocasião que a Riot exibiu um Elder Dragon monstruoso em CGI e lançou o grupo digital K/DA.
Contudo, em 2016, as coisas mudariam muito com a promoção da G2, a organização do antigo mid-laner de personalidade polarizadora, Carlos "Ocelote" Rodríguez Santiago, que mantinha uma infame rivalidade tanto com xPeke como com a Fnatic.
A G2 dominou o cenário competitivo e venceu os quatro splits seguintes da EU LCS, mas, surpreendentemente, teve dificuldades no palco internacional, não conseguindo passar pela fase de grupos do Worlds em 2016 nem em 2017.
O ano seguinte foi uma temporada de reestruturação para a G2, que só conseguiu se classificar para o Worlds desta vez, enquanto a Fnatic voltava ao primeiro lugar. E foi nesse torneio que a Europa surpreendeu o mundo ao vencer partidas contra grandes favoritas tanto da China como da Coreia do Sul.
Impulsionada pelo desempenho incrível do time Misfits, verdadeiro azarão na competição, que havia vencido a lendária organização SK Telecom T1 no ano anterior, a Europa brilhou com a G2 e a Fnatic passando pela fase de grupos, enquanto a Team Vitality causou um grande alvoroço ao derrotar a campeã mundial Gen.G (anteriormente, Samsung Galaxy), bem como a campeã do MSI e favorita ao torneio, Royal Never Give Up (RNG).
A partir dali, a G2 surpreendeu ainda mais com uma vitória magnífica disputada em cinco partidas contra a RNG nas quartas de final, e a Fnatic se tornou a primeira equipe do ocidente a chegar a uma final do Worlds (desde a primeira temporada em que ela própria havia chegado a tal patamar). Entretanto, ambas as equipes da Europa foram arrasadas pela equipe chinesa Invictus Gaming por 3 a 0.
Ainda havia muito trabalho para ser feito mas, a Europa, em seu primeiro ano após a mudança para LEC como resposta ao modelo de franquia da LCS, separava-se da América do Norte e conseguia provar seu prestígio internacional.
Isso levou a que, em 2019, a G2 conseguisse um ano histórico com uma mudança não convencional em que enviou o astro da equipe, Luka "Perkz" Perković, para a bot-lane para ter espaço para a contratação de destaque do mid-laner Rasmus “Caps” Winther, da Fnatic.
A estratégia se mostrou uma jogada de mestre, tendo em vista que o estilo de jogo único da G2 levou a equipe a conquistar o primeiro título da Europa no MSI e depois levou a equipe à final do Worlds também, mas o destino no Mundial foi o mesmo da Fnatic, derrotada por 3 a 0 para a chinesa FunPlus Phoenix.
Após a vitória no Split de primavera da LEC de 2020, a G2 alcançou os sete títulos domésticos da Fnatic, mas é a glória no Worlds que ambas as equipes realmente buscam.